O que é mais relevante na arquitetura: forma ou função? Dilema dos arquitetos que se acentua quando o desafio é um projeto industrial.

A tecnologia construtiva trouxe um modelo industrial padronizado com galpões pré-fabricados de concreto ou aço, com pés-direitos altos, coberturas de telhas de fibrocimento e ventilação forçada. Em alguns casos específicos há a associação imediata do ar condicionado para suprir a necessidade da “produção industrial”.

Com o passar do tempo, o modelo em série foi sendo adaptado ao gosto estético de alguns profissionais mais cuidadosos, mas a função prevaleceu à forma.

Na ultima década, contudo, outro fator foi adicionado à conta matemática do projeto: o conforto térmico. Com a mudança do clima, alguns nichos de produção industrial viram sua produtividade cair em decorrência de fatores térmicos. A produção de aves, por exemplo, foi um dos ramos da agropecuária que mais sofreu na última década, levando os produtores a procura de produtos e técnicas construtivas que pudessem aumentar a produtividade com baixo custo.

E é nesse viés que hoje a arquitetura bioclimática compõe o programa de diretrizes de um projeto industrial com foco em eficiência térmica, que se traduz em menor custo de manutenção, aumento da produtividade e em conforto aos usuários.

Um bom projeto começa com a análise do terreno para determinar a direção dos ventos, a incidência e a orientação do sol, a média anual de chuva, passa por um estudo da implantação que pode ser feito por softwares especializados e termina na especificação adequada de materiais de cobertura e fechamento, aliados à tecnologia de ponta dos equipamentos utilizados.

O vento é um aliado na ventilação natural; o sol pode ser utilizado para gerar energia elétrica e aquecer a água necessária à produção; a análise pluviométrica determina a quantidade de água de chuva que pode ser armazenada para utilização e economia de água potável. Tudo isso aliado a uma boa implantação traz benefícios tanto ao usuário quanto ao modelo de negócio.

Além disso, deve-se determinar a vida útil da edificação para projetar seus custos em longo prazo e com isso definir estratégias suficientes para se obter um ambiente interno confortável, com baixa manutenção e bom rendimento do trabalho.

Portanto, integrar as diretrizes de conforto térmico como estratégia de projeto, a partir do estudo do clima local, permite o desenvolvimento de uma arquitetura bioclimática, enquanto tecnologia construtiva que visa a economia de energia e a potencialização no uso dos recursos naturais disponíveis.