2017 começou e o mercado já demonstra uma retomada, ainda tímida, mas a longo prazo otimista.

Incorporadoras estão planejando o lançamento de novos empreendimentos e investidores estão de olhos bem abertos para o mercado imobiliário de condomínios logísticos, que após uma desaceleração, promete voltar a oferecer excelentes oportunidades de negócios.

Sabemos que lançamentos imobiliários requerem um trabalho de planejamento anterior que demanda algum tempo, principalmente quando se trata de empreendimentos de alto impacto como grandes condomínios logísticos, centros de distribuição, galpões e complexos  industriais.

Este tempo inclui todos os itens relativos ao projeto e também à legalização junto aos órgãos regulamentadores, como:

  • Consulta de viabilidade da atividade a ser desenvolvida no imóvel junto à prefeitura local (zoneamento, lei de uso e ocupação);
  • Desenvolvimento do Masterplan do empreendimento, com a entrega de uma implantação inicial contendo todos os itens para visualização completa da proposta, assim como atendimento às legislações pertinentes e quadro de áreas (Leia mais em: https://www.arquiteturaparalogistica.com.br/2016/06/masterplan);
  • Análise de viabilidade financeira, do investimento inicial ao retorno, com dados de break-even e valores de comercialização;
  • Análise prévia do Masterplan junto aos órgãos regulamentadores para entender os passos para legalização (que variam conforme a localização do imóvel e os processos locais);
  • Elaboração de cronograma de projetos e legalização, compondo o estudo de viabilidade comercial (alguns processos podem ser tão demorados que requerem ajustes planejados com antecedência);
  • Desenvolvimento do projeto arquitetônico para legalização, a ser protocolado na Prefeitura local;
  • Desenvolvimento de todos os projetos complementares e relatórios exigidos, que farão parte do processo de regularização;
  • Acompanhamento do processo de legalização até a emissão do alvará e demais licenças necessárias, com reuniões periódicas nos órgãos e atualização do cronograma para verificar possíveis impactos na viabilidade.

O tempo para estas etapas é bastante variável, e toda empresa deveria fazer uma consulta prévia, com profissional qualificado, para ter um planejamento mais preciso.

Como atuo com desenvolvimento imobiliário há muitos anos e possuo conhecimento em gestão de projetos, já tentei criar um check-list com itens pré-definidos para a legalização de um empreendimento, porém nunca consegui chegar nos passos para serem cumpridos de forma global, abrangendo qualquer imóvel em qualquer região do país.

Os processos de legalização variam de cidade para cidade, o que demanda do profissional a frente destes um conhecimento anterior das possíveis etapas, para questionar nas prefeituras locais e desenvolver um cronograma de atividades. Em algumas cidades o processo de legalização é tão confuso que os próprios órgãos, dentro de uma mesma prefeitura, não conversam entre si.

Muitas vezes as solicitações exigidas pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano entram em contradição com os itens definidos para o processo de Licenciamento Ambiental; as exigências do Departamento de Trânsito não levam em consideração as exigências das Concessionárias de Rodovias, exigindo habilidade e conhecimento técnico suficientes para antever estas questões e já sair em busca das soluções.

O ano de 2017 começa com nova gestão nas prefeituras e este fator deve ser considerado pelas empresas interessadas em aprovar seus empreendimentos. Apesar de ser um momento onde estão acontecendo muitas mudanças de cargos e novos profissionais estão sendo nomeados para assumir a gerência de secretarias e departamentos, é também o momento onde os processos estão sendo discutidos e redefinidos. Quanto antes soubermos das mudanças, positivas ou negativas, melhor.

Todo processo de legalização, por mais simplificado que seja, demanda tempo. Os incorporadores e/ou proprietários devem, portanto, protocolar todos os documentos e projetos necessários considerando um prazo mínimo para realização de um trabalho profissional e ético, tanto dos projetistas quanto dos servidores públicos.

Muitas empresas se perdem em planejamentos de obra, orçamentos, projetos e esquecem de contabilizar o tempo da legalização. Não é um passe de mágica e não pode ser conduzida por qualquer pessoa. Exige conhecimento técnico do empreendimento em questão, para que o responsável e representante da empresa consiga discutir com o arquiteto ou o engenheiro da prefeitura de igual para igual, defendendo o projeto e atendendo a legislação.

Quando o único objetivo do condutor do processo é o alvará e/ou a licença em mãos o mais breve possível, podem acontecer algumas situações indesejáveis como: mudanças de projeto que  impactam na liberação do habite-se, exigências de medidas compensatórias não estudadas com antecedência, acordos verbais que depois transformam-se em termos de ajuste de conduta envolvendo grandes somas de dinheiro.

Em uma ocasião me deparei com um projeto aprovado com áreas errada, maior que a área real, onde a empresa proprietária pagou todas as taxas proporcionalmente, um valor bem acima do devido.

Em outra oportunidade atendi a solicitação de um investidor que precisava saber se o imóvel que ele estava interessado em investir estava realmente legalizado, para não haver nenhuma surpresa após o fechamento do negócio. Como as licenças e regulamentações variam de prefeitura para prefeitura, é difícil saber se um imóvel está ok, mesmo com o habite-se em mãos.

Nesta situação específica foi realizado um trabalho de diagnóstico de imóveis, que retrata a real situação do mesmo perante os órgãos regulamentadores, aspectos que nem o registro no cartório e nem os documentos de alvará e licença analisados isoladamente conseguem assegurar.

A maioria das prefeituras exigem muito mais que um projeto arquitetônico para liberação do alvará de um condomínio logístico ou galpão industrial. Os documentos solicitados pelas Secretarias de Meio Ambiente para emissão de licenciamentos ou pareceres ambientais muitas vezes são pré-requisitos para alvará.

Os relatórios e documentos solicitados demandam estudos multidisciplinares e projetos complementares. As nomenclaturas variam mas os termos mais comuns são:

  • EIV – Estudo de Impacto de vizinhança
  • RIV – Relatório de Impacto de vizinhança
  • RIU – Relatório de Impacto Urbano
  • RIC – Relatório de Impacto na Circulação
  • RAS – Re

Será que um galpão novo é realmente eficiente?

Quando recebi o convite da arquiteta Lorena Toledo, especialista em projetos de galpões industriais, para escrever um artigo no Blog https://www.arquiteturaparalogistica.com.br/, além de envaidecido pela lembrança, fiquei um pouco receoso sobre qual tema deveria escolher, uma vez que estaria opinando para alguém de reconhecida expertise no seguimento de galpões logísticos e industriais. Depois de algumas análises, achei que a eficiência seria algo interessante de ser comentado.

A questão sobre a eficiência nos galpões é de fato importante, mas requer algumas ponderações. Um empreendimento com altura de 12 metros, piso polido com resistência a partir de 05 toneladas por metro quadrado, pátio para carretas, certificação Leed é eficiente?

Minha resposta: “Depende”.  Mas como? As pessoas podem questionar: Um galpão destes é moderno em relação aos galpões de altura de 6 metros, com poucas docas e pátio, etc.

A eficiência, muita vezes, está ligada ao suprimento das necessidades das organizações.  O fato é que um galpão mais antigo, pode sim atender as expectativas do cliente em determinado momento.  Ponto!

Sublinhei a palavra cliente, mas por quê?

Em determinados momentos, optamos mais pelo produto do que pelo cliente. Valorizamos o empreendimento, por sua modernidade e por vezes, não ouvimos a voz do ocupante.

Por vezes, um galpão logístico moderno, com todas as tecnologias utilizadas, como altura, resistência do piso, docas com niveladores, estrutura de portaria e segurança, pode não ser tão eficiente para seus ocupantes. Por que isso ocorre?

Quando do desenvolvimento de determinados empreendimentos logísticos, em algumas situações, muitos investidores constroem imóveis industriais com a taxa de armazenamento em relação a construção com coeficiente abaixo de 80%.

Em busca de equilíbrio financeiro fazem a opção de aumentar as áreas administrativas (escritórios, mezaninos etc) em detrimento da área de armazenagem ou fabril. Há imóveis com relação de eficiência de 65%.

Ruim para os dois, para o locatário que paga por uma área ociosa e agora para os investidores, que estão tento dificuldades na ocupação destes empreendimentos.

Em época de crescimento econômico, onde havia falta de imóveis industriais, estas situações eram irrelevantes ou talvez não tão analisadas, ocorre que a situação mudou…

Fica o conselho: No desenvolvimento, ouçam seus players, conversem com seus futuros ocupantes, pois a eficiência está no atendimento pleno de seu cliente.

O trabalho de arquitetura consiste em  apresentar soluções técnicas para materializar uma edificação antes de sua construção. É uma prestação de serviço onde o arquiteto, depois de anos de estudo e experiência no mercado, consegue entregar um projeto que além de plástica, oferece resultados precisos e exequíveis.

Observamos, entretanto, que muitos profissionais são demandados a prestar este serviço de forma gratuita. A entrega da etapa inicial de qualquer projeto antes do cliente ter firmado um contrato com o arquiteto já configura a gratuidade do trabalho, apesar de muitos não encararem desta forma.

“ Vou apenas demonstrar o quanto sou bom para que o cliente possa me contratar”.

“ Quero participar da concorrência proposta pelo cliente”. 

“ Quando o cliente viabilizar o projeto vou ganhar muito mais!”

Esta última talvez seja a mais perigosa crença pois é acreditar que todo o trabalho desenvolvido pelo arquiteto, que pode durar dias ou anos, irá ser remunerado após o fechamento do negócio. O famoso trabalho no risco!

Risco para quem?

Já observei o trabalho de algumas incorporadoras imobiliárias que desenvolvem trabalhos no risco com arquitetos e posso dizer que o comprometimento pela entrega de resultados e o interesse do profissional não se comparam quando a parceria é alinhada anteriormente de forma que ninguém tenha que, literalmente, pagar para trabalhar.

Sim, mesmo um arquiteto atuando como profissional autônomo e sem despesas de escritório e equipe, terá custo. Um formato interessante para empreendimentos que não viabilizaram ainda é a contratação dos profissionais a preço mínimo, onde o valor total do projeto fica atrelado ao fechamento do negócio e o valor inicial é somente para custear o desenvolvimento do trabalho.

O risco do empreendedor não pode ser repassado deliberadamente ao profissional de arquitetura, pois este pode até concluir que o negócio não é viável, após o lançamento do estudo inicial ou masterplan. E o valor do projeto neste caso é infinitamente irrisório perto do prejuízo que poderia causar um empreendimento inviável, feito sem qualquer conhecimento profissional técnico.

O trabalho do arquiteto não pode ter como premissa o resultado positivo da viabilidade do empreendimento, equivaleria a dizer que uma pessoa doente somente pagaria pela consulta médica se o medicamento prescrito curasse a doença. O paciente paga pelo conhecimento do médico, que vende uma informação precisa e útil atrelada a uma prestação de serviço. Ele não vende receita, da mesma forma que o arquiteto não vende projeto.

O risco do empreendedor na viabilização de um grande negócio equivale ao potencial de ganho que o mesmo terá com o sucesso desse. O mesmo não acontece com o projeto arquitetônico, que terá somente suas custas pagas com o desfecho positivo, não é retorno do investimento mais lucro, é pagamento justo por um trabalho técnico profissional desenvolvido.

O risco do arquiteto que aceita trabalhar nestas condições é aceitar o risco de não ser remunerado pelo seu trabalho, de não ser reconhecido profissionalmente e de não ter seu conhecimento, anos de estudo e experiência valorizados como deveriam.

Projeto online

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Observamos um significativo avanço tecnológico em todas as áreas de conhecimento e a arquitetura não poderia ficar de fora. Os projetos BIM (Building Information Model), a gestão e compatibilização de projetos na nuvem feita simultaneamente por vários profissionais de diversas disciplinas, a tecnologia dos materiais, etc.

Alguns escritórios de arquitetura já estão disponibilizando também a interface online com seus clientes, aumentando seu raio de ação e atraindo prospects de outras regiões do país. A concorrência aumentou, é fato, mas é importante que o cliente esteja atento ao que está adquirindo pela internet.

O CAU – Conselho de Arquitetura e Urbanismo – não recomenda a compra de projetos arquitetônicos pela internet pois trata-se de uma estratégia que banaliza o papel da arquitetura e urbanismo, fragilizando seu potencial de contribuir em benefício de cada um e para a sociedade como um todo*.

Assumir o uso de tecnologias inovadoras para facilitar o trabalho do dia-a-dia e a conectividade com os clientes é muito positivo, mas vender projeto como produto, sem personalizar e sem atender de fato às necessidades do cliente compromete o resultado esperado e também a eficiência do projeto. Alguns site chegam a oferecer templates de projeto que se encaixariam em qualquer terreno, como se fosse passe de mágica, sem considerar todas as interfaces necessárias  nesta análise.

Como salienta Ênio Padilha** serviços são produtos muito diferentes de mercadorias. Serviços são intangíveis (não podem ser experimentados antes da compra), são inseparáveis (requerem a participação de quem produz e de quem consome, durante o processo de produção), são variáveis (devido à participação de pessoas “nos dois lados do balcão” é muito mais difícil – embora não seja impossível – padronizar o processo produtivo), são inarmazenáveis (não podem ser estocados nem produzidos antecipadamente), são improtegíveis (os processos de produção podem ser copiados livremente pela concorrência) e têm uma precificação diferenciada (em um mesmo mercado, serviços semelhantes apresentam variações de preços impensáveis para mercadorias semelhantes).

Arquitetura de prateleira não funciona! É importante também salientar que a formação do arquiteto é ampla e este pode se especializar em diversas áreas de conhecimento no exercício de sua profissão. Estas habilidades adquiridas com a especialização e experiência profissional são decisivas para que o cliente opte por um profissional ou outro. Você não iria ao oftalmologista para tratar de uma gripe, correto?

Atribuição Exclusiva

Conforme resolução nº 51 do CAU – Conselho de Arquitetura e Urbanismo – fica atribuída a execução de projeto arquitetônico e compatibilização do mesmo com as disciplinas complementares exclusivamente a arquitetos. Esta resolução, com data de julho de 2013, vem atender ao que solicita a Lei Federal nº 12.378, de 31 de dezembro de 2010, de especificar as atividades, atribuições e campos de atuação privativos dos arquitetos e urbanistas.

Esta resolução visa informar o que já deveria ser uma prática no mercado, a contratação de arquitetos para elaboração de projetos arquitetônicos, tão lógico como o próprio nome diz.  As disciplinas de engenharia são complementares à arquitetura, não resta dúvidas, um bom projeto conta com todos estes profissionais envolvidos e comprometidos para chegar à melhor solução final.

RRT

A responsabilidade técnica do arquiteto é também outro item de extrema importância. O cliente deve entender que há um risco muito grande em realizar um projeto sem o aval de um profissional competente, devidamente qualificado.

As prefeituras exigem a aprovação do projeto arquitetônico para liberação do alvará de obra e na maioria das vezes o trabalho do arquiteto é vinculado mais à resolver a burocraria que os órgãos regulamentadores impõem do que à solução técnica do projeto.

A RRT – Registro de Responsabilidade Técnica – solicitada pelas prefeituras, é parte integrante do contrato de serviço entre as partes, e valida o arquiteto como responsável técnico durante toda a vigência do contrato perante o conselho de classe. O arquiteto é responsável por atestar todas as informações técnicas necessárias para regularização do imóvel a ser construído, assumindo a responsabilidade civil do processo administrativo em questão, estando sujeito ás obrigações e penalidades da lei.

Uma prática de mercado ainda utilizada é a compra deste registro, onde os arquitetos aceitam assinar a RRT de um projeto que não elaboraram. O risco de assumir esta responsabilidade pode começar com o pagamento de uma multa e terminar com a caçassão do título. A RRT é um documento que deve acompanhar a elaboração de todo projeto arquitetônico, sendo este objeto de aprovação ou não, e não deve ser vendida sem comprometimento técnico real. Mais uma vez, comparando com os médicos, é como vender atestado médico falso ou receita sem ter feito um exame clínico.

Economia ou desperdício?

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Um desenhista para o projeto, uma RRT comprada e um mestre de obras para a execução. Esta poderia ser a equação perfeita para realizar um empreendimento econômico, mas o que ocorre é exatamente o oposto.

O risco envolvido está na possibilidade de ocorrer algum acidente na obra, gerando ônus e até processos civis e criminais ao empreendedor e também no uso de materiais e técnicas além do necessário, tanto pela quantidade quanto pela qualidade, impactando diretamente no orçamento.

A falta de conhecimento pode gerar muito desperdício e o empreendedor acaba por arcar com um valor muito além do previsto, podendo até inviabilizar o seu negócio. A gestão eficaz do processo de desenvolvimento inserida no custo da obra representa economia e o cliente se beneficia também com o talento de design criativo e a experiência técnica de um bom profissional.

Responsabilidade

A carga de responsabilidade encima do arquiteto está aumentando a cada dia e observamos que aquele que não se atualizar e não for capaz de se adequar às exigências do mercado estará fora do mesmo.  

As normas de desempenho estão exigindo um nível de informação mais completo dos projetos arquitetônicos que deverão agora descrever o desempenho dos sistemas construtivos, a vida útil da edificação e previsões de manutenções periódicas. Além de exigirem especificações técnicas mais detalhadas, como por exemplo aspectos de orientação solar, para edificações residenciais.

Algumas prefeituras estão também impondo um comprometimento maior destes profissionais, como ocorre com o recém lançado Alvará na Hora, da Prefeitura de Belo Horizonte. Neste processo de aprovação o arquiteto se compromete com o atendimento de todas as normas e legislações pertinentes e o projeto recebe apenas um carimbo de aprovado, sem passar por nenhuma análise do corpo técnico da Prefeitura. O projeto será avaliado somente durante a fiscalização para Habite-se, o que exige um maior controle do arquiteto durante o período de obras, já que não é incomum acontecerem mudanças na execução.

Nestas duas situações, qualquer alteração durante a obra à revelia do autor do projeto pode comprometer o resultado final, o que poderá ocasionar pendências judiciais, devido ao compromisso desse como responsável técnico.

A exigência de conhecimentos muito específicos, tanto de legislação quanto técnicos, será cada vez maior e os arquitetos deverão contar com profissionais capacitados para prestar consultorias e até mesmo compor sua equipe.

Como uma resposta direta ao aumento destas responsabilidades, como cita Vinicius Abatte, o projeto passará a ter maior valor, já que o peso e a importância de seu conteúdo serão fundamentais***.

Concluímos com toda esta exposição que os serviços de arquitetura são de consumo restrito, com alta componente intelectual agregada, e por isso seu processo de negociação não pode seguir os padrões dos produtos de consumo de massa.

Assim como os arquitetos, os clientes também não gostam de correr riscos, e a certeza de ter ao seu lado profissionais qualificados e que transmitam segurança para resolver seus problemas e desenvolver seus negócios é o que garante e estrutura uma parceria de sucesso.

*Fonte: CAU/BR – Por que a compra de projetos arquitetônicos pela internet não é recomendada?

**Fonte: Fórum da Construção – Pecados de Marketing na Engenharia e Arquitetura

***Fonte: AU – Como atender à Norma de Desempenho

 

Observamos que na última década novos formatos de supermercado surgiram, vamos aqui falar um pouco sobre cada um destes e suas particularidades.  Começando pelos hiper e supermercados tradicionais, iremos falar sobre a explosão dos atacarejos e a nova tendência de crescimento dos mercados de bairro, com o conceito do mini-mercado. Supermercado on line e lojas focadas somente em vendas a granel estão entre as novidades do setor, ainda sem números expressivos.

Supermercado

O primeiro verdadeiro supermercado norte-americano foi criado em 1930 e hoje estas lojas são a forma absolutamente dominante de vendas a varejo nos Estados Unidos. A ideia primordial era realizar vendas em massa a preços reduzidos, dentro de uma loja ampla e vendendo pelo sistema de auto-serviço os mais variados gêneros alimentícios. Somente posteriormente foi introduzida a venda de produtos de limpeza e outros.

Diferente da rapidez de expansão que aconteceu nos EUA, no Brasil o crescimento foi lento e relata diversas histórias de falência. O primeiro supermercado realmente bem montado e completo foi o Sirva-se da Rua da Consolação, inaugurado em 1952*. Porém as feiras ainda eram os lugares onde os consumidores encontravam preços melhores e os supermercados ainda não tinham condições de concorrer com estas.

A ampliação dos tipos de produtos oferecidos, aliado a oferta de qualidade, variedade, conforto e bons serviços foram a receita para a ampliação das redes e a mudança de comportamento do consumidor.  Hoje as lojas trabalham com políticas agressivas de preço e inteligentes estratégias de promoção e exposição de produtos.

A arquitetura dos supermercados também é planejada de forma a atrair o cliente e maximizar a venda de determinados produtos, com a localização certa no layout da loja.

(ver: Layout como estratégia para melhorar os resultados – https://www.arquiteturaparalogistica.com.br/2016/06/layout-como-estrategia-para-melhorar-os-resultados)

Observamos também que os espaços dos super e hipermercados estão cada vez mais modernos, elevando o nível dos serviços de forma a promover a melhor experiência ao usuário.

A oferta de produtos gourmet e específicos para dietas especiais também é uma novidade para aumentar a atratividade dos clientes e além disso algumas lojas começaram a oferecer espaços de lanches, pizzaria  e refeições, onde o cliente pode ganhar tempo e até mesmo usufruir de bons momentos com a família.

Mercado de bairro

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Observamos recentemente o surgimento de mercados de bairro para atender os consumidores de maneira mais próxima. Como uma volta ao passado, estes começaram a demandar por locais menores, próximos de casa e que tenham bons produtos, com conforto e qualidade de atendimento.

Em busca de praticidade, comodidade e proximidade os consumidores utilizam estas lojas para compras semanais e pontuais, além de terem a possibilidade de fazer um lanche ou uma refeição rápida neste mesmo local.

Grandes redes apostaram neste modelo e abriram vários destes pequenos mercados, mas observamos também uma expansão feita por  pequenos empreendedores em busca de uma alternativa de renda. Com o avanço da crise e consequente crescimento dos números de desemprego, muitos profissionais apostam em lojas no ramo da alimentação, trazendo o conceito de proporcionar aos clientes uma experiência de compra prática e prazerosa.

Enquanto as lojas maiores das grandes redes procuram se localizar em regiões que apresentam uma grande área de influência e onde há um grande poder de compra concentrado, estes mercados caracterizam-se pela localização mais próxima do consumidor, onde estaria a padaria do bairro, por exemplo.

Os grandes estacionamentos requeridos para os hiper e supermercados, tanto por demanda dos usuários quanto para atender parâmetros de regulamentação, não são vistos nestes empreendimentos.  Muitos clientes chegam a pé ou estacionam na rua, já que a localização permite esta facilidade. O acesso da loja é convidativo e a mesma oferece um ambiente agradável e aconchegante.

O impacto de tráfego de grandes caminhões e carretas para realizar o abastecimento das grandes lojas também não é observado neste modelo, que pode ter seus espaços de depósito reduzidos e conseguem operar com veículos menores para este fim.

Atacarejo

Na vertente oposta a esta estão os atacarejos, modelo de supermercado Cash&Carry onde o consumidor consegue preços e quantidades de atacado, comprando no varejo.

Como disse Maria Beatriz Douat Dietrich em seu artigo Atacarejo: o novo top-line growth do segmento de supermercados, neste momento econômico que vivemos observamos a queda nas vendas dos tradicionais hiper e supermercados e o aumento da procura pelos atacarejos, pois com a perda de renda das famílias causada pela alta da inflação e o aumento do desemprego, os brasileiros saem em busca de descontos na hora de abastecer a despensa.

O consumidor voltou a fazer compras de mês para garantir bons preços e aproveitar descontos decorrentes da aquisição de maiores volumes, já a reposição dos produtos é feita nas lojas de vizinhança, citadas anteriormente. 

O mix de produtos destes modelos é reduzido e não oferece muitas opções de marca para escolha, mas garantem um preço competitivo, que é a proposta deste segmento.

Geralmente os atacarejos são localizados em áreas mais afastadas, onde a valorização do imóvel não impacta na viabilidade do empreendimento e também não há demanda de custos com serviços. Estacionamentos amplos e acessos bem sinalizados, aliados a uma arquitetura enxuta, com acabamentos e revestimentos simples, garantem estrutura mínima para atender o consumidor.

A operação dessas lojas se assemelha a de um Centro de Distribuição, com produtos dispostos em pallets, dispensando a necessidade grandes estoques. Instaladas em grandes galpões, o manuseio das empilhadeiras para o picking das quantidades solicitadas é realizado a qualquer hora, o que reduz custos de mão de obra.

O layout das lojas é simples, com corredores mais largos que os usuais de supermercados, já que possibilitam o trânsito interno destes equipamentos.

Supermercado online

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Apesar do avanço tecnológico o e-commerce de produtos alimentícios no Brasil ainda é pouco representativo e não são todas as redes varejistas que dispõe deste serviço.

A possibilidade de ter todas as informações do produto, poder comparar os preços e a qualidade dos mesmos são atrativos das compras online, além da comodidade de entrega em casa, evitando horas de trânsito, dificuldade de estacionar e filas para pagamento.

De outro lado os supermercados, ao realizar vendas pela internet, tem a vantagem de conseguir mais  facilmente personalizar o atendimento, pois tem muito mais informação sobre os costumes e gostos de seus clientes.

As vantagens são muitas, mas por uma questão cultural as vendas ainda não são representativas em relação as vendas feitas nos próprios estabelecimentos.

Também temos uma questão de sustentabilidade nesta proposta, pois ao realizar compras online o usuário reduz o desperdício e elimina a necessidade de armazenamento entre o centro de distribuição e o consumidor final, já que o produto sai direto do CD para a entrega final, em alguns casos. 

O supermercado online, a meu ver, será parte do cotidiano das pessoas, mudando a maneira clássica de fazer compras, é somente uma questão de tempo.

Supermercado sem embalagens

A geração de resíduos é considerada um dos maiores problemas da atualidade, fato que tem impulsionado o surgimento de iniciativas para diminuir o impacto ambiental que causa.

Uma dessas ideias veio de uma startup alemã**, que criou o conceito de supermercado sustentável, com geração de lixo zero. Os produtos são vendidos sem embalagem e o consumidor deve levar os recipientes de vidro ou sacolas reutilizáveis de casa, onde poderá colocar as compras feitas a granel. Outro benefício para o consumidor, além de colaborar com a compra ecológica, é levar a quantidade que precisa, não se limitando ao tamanho da embalagem imposta pelas indústrias.

Um dos desafios para que a iniciativa se propague é a logística destes produtos sem embalagem e o armazenamento dos mesmos, que deve ser feito em silos. Os CDs devem ser totalmente remodelados, assim como as lojas e toda a inteligência que envolve estas operações.

Por enquanto ficamos apenas com a certeza de que algo deve ser feito para mudar o panorama mundial em relação à posturas de geração de resíduos. Tendo em vista todas as consequências de uma loja neste formato percebemos que não será facilmente replicável e teremos que aguardar uma maior mobilização e interesse do poder público e dos empresários neste sentido.

Conclusão

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 .

Percebemos que cada formato de supermercado tem operações diferentes que demandam variados espaços. Saber interpretar o modelo e o que o consumidor espera encontrar em cada loja é essencial para o sucesso do negócio.

* Fonte:  Ascar&Associados

**Fonte: Ilos, Especialistas em Logística e Supply Chain

Quando uma empresa decide fazer a construção de sua sede ou opta por alugar um espaço já existente temos inputs diferentes para resolver o mesmo problema. O briefing de projeto para construção de uma edificação nova tem itens que levarão a uma solução final atendendo todas as funcionalidades necessárias à empresa, obedecendo fluxos importantes para a realização do trabalho diário nesta. Na hipótese de locação de um espaço já existente temos algumas informações que norteiam o projeto de implantação, limitando algumas decisões que podem colocar em risco o andamento da rotina da empresa.

Nas duas situações citadas acima um estudo de layout bem feito é a solução para termos o sonho de uma nova empresa transformado em realidade. Muitas construções que não consideram este estudo de ocupação anteriormente podem comprometer seriamente a produção da empresa e a qualidade de vida de seus colaboradores.

O layout é o arranjo físico de equipamentos e pessoas dentro de uma empresa que deve ser projetado de forma a alinhar os processos, proporcionando maior produtividade e melhor qualidade do ambiente de trabalho, oferecendo maior bem estar aos funcionários. Um layout considera uma série de aspectos no seu desenvolvimento, entre os principais podemos citar:

  • Funcionalidade;
  • Acessibilidade;
  • Ergonomia;
  • Iluminação;
  • Ventilação;
  • Temperatura;
  • Níveis de ruído;
  • Comunicação entre os setores;
  • Melhor aproveitamento de área;
  • Fluxos de funcionários e mercadorias;
  • Previsão de expansão de áreas;
  • Melhor posição das instalações sanitárias;
  • Melhor posicionamento de equipamentos.

Layout Industrial

O layout industrial exige um levantamento prévio dos tipos de equipamentos que serão utilizados para definir o espaço necessário para a operação dos mesmos. O posicionamento dos operários e sua interface com os equipamentos deve ser analisado para que possa ser projetado um espaço de trabalho confortável e seguro, evitando que ocorram acidentes de trabalho.

Para o desenvolvimento deste trabalho o empresário deve contar com o apoio de um analista de OSM (organização, sistemas e métodos) e de um arquiteto. O analista saberá melhor entender o processo de produção industrial e traçar planos para o novo layout e o arquiteto, com conhecimento do espaço a ser ocupado ou projetado, fará a implantação do processo industrial desenhado na edificação. O levantamento de dados é o primeiro passo do trabalho, e deve conter:

  • Relação de materiais utilizados em cada etapa produtiva;
  • Quantitativo de máquinas, suas dimensões  e capacidade produtiva;
  • Quantitativo de operários e sua capacidade produtiva, considerando alternância de turnos e taxa de absenteísmo;
  • Programa de produção, com capacidade atual e expectativa de crescimento;
  • Relação de cada operação com descrição do maquinário e dos operários envolvidos;
  • Intervalos de tempo entre as operações.

Layout Logístico

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 No layout logístico, a estrutura porta-pallets é mandatória e quando o estudo é feito antes da construção e atrelado ao desenvolvimento do projeto arquitetônico, ela define a modulação de pilares que fará com que o galpão fique otimizado e com melhor aproveitamento de área. Esta estrutura pode ter variação de largura e altura, que depende do tipo de produto a ser armazenado, e o corredor entre estas deve ser definido levando-se em consideração o tipo de empilhadeira a ser utilizado.

As empilhadeiras exigem um corredor mínimo para fazer seu percurso e conseguir girar o garfo para pegar o pallet. Quando não conseguimos adequar a modulação de pilares a esta estrutura com os corredores necessários pode ocorrer perda de área e o empresário pode pagar por um espaço que não utiliza efetivamente.

 O trabalho de uma consultoria logística é desenvolvido primeiramente levando-se em consideração itens como:

  • Tipo de produto a ser armazenado, suas dimensões e tipo de pallet a ser utilizado;
  • Período de armazenagem de cada produto;
  • Localização dos produtos estocados considerando logística interna (recebimento/expedição);
  • Localização das áreas estáticas;
  • Planejamento da linha de recebimento e expedição (priorizando a linha reta), com corredores na direção das portas das docas;
  • Tipos de equipamentos a serem utilizados nos processos internos, tais como: empilhadeiras, esteiras, flow-racks, etc;
  • Áreas de conferência e embalagem;
  • Ciclo de vida dos produtos;
  • Expansão da área de estocagem.

O arquiteto colabora com a implantação da logística projetada, fazendo uma análise global dos dados apresentados e verificando item por item, sua aplicabilidade no espaço em questão. Em primeiro lugar projeta o posicionamento e espaçamento dos porta-pallets de forma a proporcionar o melhor aproveitamento do galpão como um todo, levando-se em conta a estrutura, o tamanho do corredor ideal e demais interfaces como saídas de emergências, posição de extintores, entre outros. A compatibilização executiva feita pela arquitetura é imprescindível para obtermos uma análise multidisciplinar e conseguirmos visualizar todas as interferências, propondo soluções para as mesmas.

Outro item importante a ser definido é como será feito o nivelamento das docas, se por equipamentos externos ou embutidos. Neste último teremos impacto no piso do galpão pois será necessário um nicho para conter este equipamento. A localização da expedição e do recebimento de mercadorias tem influência também nesta decisão, pois não é incomum o uso de diferentes tipos de veículos para cada uma destas operações, demandando diferentes soluções para nivelamento das docas.

A iluminação zenital é um item que também merece atenção, pois ela deve ser definida levando-se em conta o layout do galpão. Na compatibilização das disciplinas deve-se analisar se a solução de cobertura está adequada à operação da logística do galpão.

Layout Atacado e Varejo

Lojas de atacado e varejo também precisam de estudos detalhados de layout, nestes casos com impacto direto nas vendas. O layout para edificações destinadas ao comércio é visto como ferramenta estratégica de marketing, onde estudos avançados são realizados periodicamente traçando os perfis dos consumidores e como se portam no momento das compras.O posicionamento dos produtos em um ambiente que envolva o cliente e ofereça mais do que ele procura é essencial para influenciá-lo no processo da compra. Através de técnicas de layout observamos que são obtidos melhores resultados para determinados produtos e até melhor posicionamento da loja frente a seus concorrentes.

O espaço da loja para que seja propício a favorecer as vendas, além do posicionamento estratégico de alguns produtos, deve ter  como premissa principal o conforto dos clientes. Para isso devem ser observados os seguintes itens:

  • Facilidade de acesso;
  • Corredores amplos, visando o melhor fluxo de circulação;
  • Sinalização indicativa;
  • Exposição de produtos organizada;
  • Estoque acessível somente aos funcionários para segurança da loja;
  • Áreas de serviço e administrativa somente acessível e visível aos funcionários da loja;
  • Área de caixas confortável de forma a evitar filas nos corredores de compras.

Layout Corporativo

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No ambiente corporativo é onde ouvimos com maior frequência o termo layout. A empresa acaba de adquirir uma sede nova ou está iniciando o novo projeto da mesma e todos os colaboradores já querem saber, e opinar, onde será seu novo local de trabalho. Como a jornada nos escritórios acontece durante mais de oito horas por dia, pelo menos cinco dias por semana, o local onde ficará a estação de trabalho é realmente muito importante para cada trabalhador e interfere diretamente na sua produtividade.

 Algumas pesquisas de satisfação feitas internamente nas empresas demonstram a importância deste item. Observamos algumas situações de promoção onde o funcionário recebe um aumento simbólico ao assumir maiores responsabilidades, mas recebe o direito de ter um local de trabalho privilegiado, com uma mesa maior, mais bem localizada e com espaço para se reunir com sua equipe. A hierarquia em alguns lugares é medida pelo tamanho da mesa ou da sala que a pessoa ocupa.

 Na contramão do mercado corporativo tradicional as startups e algumas empresas de tecnologia já consolidadas utilizam outro estilo de layout. Com espaços amplos para descanso e pausas no trabalho, as estações são todas iguais e não se vê a hierarquia através do mobiliário, é um outro modo de trabalhar que se reflete no layout. Novamente percebemos a importância deste estudo para incorporar os valores da empresa e garantir a eficiência no trabalho.

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Acontece também em alguns projetos a adaptação do espaço existente, onde os arquitetos, com a avaliação do ambiente de trabalho, projetam mudanças no layout gerando ambientes mais confortáveis, que melhoram a circulação, são mais favoráveis à comunicação e contribuem para a interação entre os funcionários.

 Não se sabe ao certo o quanto os empresários perdem anualmente com a redução da produtividade de seus colaboradores, mas podemos afirmar que os estudos de layout para ambientes de trabalho, sejam indústrias, galpões, hipermercados ou lajes corporativas contribuem para que a empresa alcance melhores resultados, tanto financeiros quanto operacionais. A preocupação com o conforto dos usuários e a qualidade de vida nas empresas além de ser primordial para o crescimento destas, promove naturalmente a retenção de taletos e aumenta a eficiência e a qualidade do trabalho.